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[GSK] Somos todos partes de uma coisa só

Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa em 07 de junho de 2019


[GSK abre a aula]


Hoje quero compartilhar com vocês um tema que pode ser muito importante em sala de aula, na relação com clientes e consigo mesmos. Não existem mais filósofos que namoram a medicina – depois dos gregos não tivemos mais isso. Mas existem muitos médicos que namoram a filosofia. Muito recentemente um grupo desses médicos que estudam a medicina de uma perspectiva filosófica criou o termo ressonância límbica. É muito interessante, porque explica o que estudamos no Kundalini Yoga.


Segundo esses médicos filósofos, é algo assim: nós, seres humanos, só somos seres humanos porque temos o sistema límbico. Sabemos que não apenas os seres humanos possuem sistema límbico, todos os mamíferos o possuem. Mamíferos desenvolvem o sistema límbico com o objetivo de aprender a ter uma conexão com o meio que permita a eles usar esse meio do melhor modo possível para sobreviverem. Essa é a função do sistema límbico. A sobrevivência é o elo existencial a partir do sistema límbico.


Contudo, só pensamos na sobrevivência em termos da clássica reação de estresse, que é: se o meio está bom, eu estou bem, se o meio está ruim, eu tenho que tratar de torná-lo agradável ou fugir. E há um elemento que a neurologia considera atualmente, que é aquilo do sistema límbico que permite a um ser humano estar bem, aconchegado e seguro para poder explorar outras possibilidades.


A parte do cérebro que temos para explorar as outras possibilidades é o córtex frontal. É onde estamos bem, independentemente de estarmos bem. Essa ressonância límbica faz toda a diferença. É quando cada um de nós e os outros nos sentimos parte de uma mesma coisa. Quando nos sentimos parte de uma mesma coisa o sistema límbico gera um tipo de informação que nos relaxa completamente. Porque sentimos, na presença do outro, a segurança.


Foi feita a seguinte experiência. Colocaram uma macaca que estava amamentando junto com os seus filhotes. Essa macaca era uma fêmea brava e eles a chamavam de Fire, fogo total. Era a mãe que dava leite, extremamente funcional, mas dura. Colocaram ao lado uma boneca macaca de pano que não dava leite, mas que era fofinha e aconchegante. A macaquinha preferia a macaca de pano à mãe que dava leite. Concluiu-se que a ressonância límbica tem muito mais a ver com o acolhimento, a interação, o calor, o aconchego que recebemos do outro, do que com a garantia do alimento.


Yogi Bhajan pede que, ao criarmos relações, o mais importante é permitir que o outro se sinta seguro. Isso não significa sermos moles ou condescendentes. Mesmo nos limites que um professor precisa colocar, se a presença dele invoca no outro segurança, cria-se ali uma ressonância límbica. Quando há ressonância límbica nosso corpo e nosso cérebro estão prontos para dar um passo à frente. “Agora que me sinto seguro posso desenvolver em mim caminhos para estar seguro sem que o meio me garanta que eu esteja seguro”. Este seria, segundo a neurologia, o próximo passo evolutivo do ser humano: criar condições para estar seguro independentemente do meio. Mas para isso necessita-se de uma base.


Este trabalho que faremos hoje tem a ver com ressonância límbica, porque a hipófise está diretamente a serviço desse sistema. Inclusive, ela é uma moradora da comunidade do sistema límbico. Quando alguma coisa nos ameaça, quem produz cortisol e adrenalina são as supra-renais. As supra-renais recebem o comando de produzir essas duas ferinhas a partir da hipófise. E a hipófise está a serviço do sistema límbico.


Vamos trabalhar a hipófise, mas também a pineal, que não está a serviço do sistema límbico. O Yogi Bhajan chama a hipófise de nossa identidade finita e a pineal de nossa identidade infinita. Ele está mesclando a ressonância límbica no hipotálamo com a hipófise. O hipotálamo é quem faz a ponte. Quando criamos em nós, no nosso corpo, o espaço de segurança, quando tudo está bem, quem atua é a pineal. É quando exploramos a nossa identidade infinita. Se o sistema límbico está bem o lobo frontal diz: “Agora vou planejar, investir, vou para o futuro. Foi-se o passado, agora eu quero ir”. Quando conseguimos largar o passado é porque houve o mínimo de segurança. Na medicina isso é chamado atualmente de ressonância límbica.


A ressonância límbica pressupõe o outro. Não tem jeito de se fazer ressonância sozinho, porque ressonância sempre precisa de outra fonte. Senão há apenas emissão. Emitimos, e nada volta para nós. Portanto, isso que criamos nos espaços meditativos é a ressonância límbica. Quando estamos no Sat Nam Rasayan e alguém comenta que o espaço sagrado está muito bom, ou está forte, é porque entramos em ressonância límbica com aquele espaço e estamos nos sentindo seguros. Está doendo o joelho? Está. Está doendo a bunda? Está. Está doendo a coluna? Está. Mas não importa, existe uma segurança mesmo se temos a dor e o desconforto. Como no Jaapa Yoga, quando isso acontece, além de criar ressonância límbica, já estamos no processo de usar o lobo frontal. Já estamos, a despeito do desconforto, em conforto. O desconforto não é tão grande a ponto de nos tirar daquele espaço. Neste tipo de experiência entendemos o que é a ressonância límbica e o que é o lobo frontal atuando.


O primeiro recurso que o Yogi Bhajan traz para criarmos ressonância límbica é o uso dos mantras maravilhosos. Os mantras que mais criam ressonância límbica são os do Guru Ram Das. Escutamos aquilo e sentimos: “Ah, agora pode me levar”. Nos sentimos seguros. Se escutamos um mantra e entramos em ressonância com ele, entramos em ressonância límbica com o corpo sutil do Guru Ram Das. Ele é a fonte emissora. O som, ali, é a fonte emissora.


Kriya: Equilibrando a Pineal, a Hipófise e o Hipotálamo, do Manual para o Proprietário do Corpo Humano


Meditação: Mantra Har Har Gobinde


"May the long time sun shine upon you..."


[Transcrição: Devaroop Kaur]

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