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[GSK] Conectar o coração à consciência

Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa em 11 de setembro de 2015.


[GSK abre a aula]


Nós estamos na véspera do Tantra, num momento de silêncio, então precisamos fazer uma conexão entre o coração e a consciência. Eu cansei já de explicar que no Kundalini Yoga, quando a gente usa o termo “consciência”, nós estamos falando de um lugar particular, e consciência é a nossa relação direta com a nossa alma. E para não ficar um negócio filosófico demais, quando nós nos aproximamos do ambiente da alma, do corpo da alma, nós estamos falando de algo muito específico e concreto. Então do que estamos falando quando nos referimos à alma, do que estamos falando que é totalmente concreto? Algo que faz sentido absoluto?


ALUNO: Valores.


GSK: Valores. Que tipo de valores? Porque eu posso ter um tipo de valor do tipo: servir a mim mesma; o meu valor é sempre “estar bem na foto”.


ALUNA: Éticos.


GSK: Valores éticos. São diferentes dos valores morais. Mas estamos falando especificamente de quê? Existe um núcleo desses valores éticos. No caso da nossa alma, o núcleo do valor ético é: Eu só estarei completamente realizada e feliz quando, através do meu próprio esforço, com a minha própria atitude, com a minha própria ação, eu conseguir fazer alguma coisa para transformar aquilo que está além de mim. E o que está além de mim? O outro, a sociedade, a estrutura, enfim...


Então vocês entendem? Quando a gente fala em alma no Kundalini Yoga, nós estamos falando de uma ação política em que carregamos o nosso coração, o nosso corpo, vamos suar nossa testa para fazer uma diferença no mundo para que o mundo, com as pessoas que nele estão e com a estrutura nele existente, se transforme. Não é uma coisica, não. O Kundalini Yoga não é um sistema de reclusão, em que você vai para o mosteiro e reza. Esse seria também um valor ético, que não tem problema nenhum, você estaria rezando, só que você estaria nesse sistema fisicamente e socialmente desengajada. Esse é um divisor de águas no Kundalini Yoga, ele surge de uma tradição que não é monástica.


Então quando vamos para um Tantra Yoga Branco, nós vamos para fazer uma limpeza do subconsciente. Nós queremos limpá-lo de impressões, onde está uma gravação marcada em nós durante os anos formativos. De 0 a 7 anos. Nesses anos, nós ganhamos uma gravação; a tecla <REC> foi apertada e gravou-se no nosso subconsciente um tipo de história, um tipo de crença. O Tantra é uma tecnologia muito potente de apertar o <REC> com o <PLAY>. Quando você aperta o <REC> com o <PLAY> – muitos de vocês não eram nascidos quando isso existia, chamava “gravador” [a turma ri], você apertava o <REC> com o <PLAY> e apagava a fita. Então não adianta ter uma gravação e dizer: “eu não gostaria de ser mais assim; muda, muda”. Não adianta. Você tem uma fita em que foi gravada uma bobagem, daí você põe a fita para tocar e diz: “Nossa, que bobagem, por favor, bobagem, apague-se, por favor, bobagem, apague-se!”. Não funciona assim, não adianta você falar para o gravador: “Apaga, por favor, apaga”. Não adianta o poder da mente. Isso não resolve. Não resolve autossugestão do tipo: “Amanhã vou ser diferente”, não resolve. Para funcionar, o que você tem que fazer? Apertar o <PLAY> com o <REC>. Quando você aperta os dois juntos, ele roda sem gravar nada. Isso é o Tantra. Então vai ser apertar o <PLAY> com o <REC>. O Tantra tem esse poder.


Por que nós insistimos todo ano em fazer isso, algumas vezes vamos para o Solstício e fazemos três dias e tal. Nós insistimos porque o nosso subconsciente pode ser o nosso fim, se estiver lá só reproduzindo a fita dos nossos anos formativos, porque nos tornamos cínicos, mentirosos, enredeiros, sedutores, para fazermos valer a nossa crença. E nós seduzimos através de uma atividade política, através de uma atividade artística, através de uma atividade familiar, seduzimos simplesmente para fazer valer nosso projeto. Esse projeto não te identifica com sua alma, porque a alma não se relaciona com nada limitado. Então o subconsciente não te identifica com a alma. Assim, o Tantra ajuda a gente a limpar esses processos do subconsciente.


Mas então por que o Tantra não acaba com o subconsciente de uma vez? Por que a gente não pode acabar com o subconsciente de uma vez? Qual a função dele? É a nossa caixa de gordura. A gente só limpa ela, a gente não acaba com ela. Se a gente acabar com essa caixa, nossa gordura vai para a terra e contamina o lençol freático. Se a gente acaba com nosso subconsciente, a nossa gordura e o nosso lixo vai para o nosso sistema e o destrói completamente. Então uma das coisas que mais nos ajuda no Tantra a fazer o processo de limpeza rápido, e fazê-lo valer, sem ficarmos temerosos e tal, é a gente conectar o coração com as meditações. E a aula de hoje é para abrir o coração.


Por que vamos conectar o coração com as meditações? Lembram do que eu falei semana passada, que um dos engodos em que a cultura nos fez acreditar foi que o coração era uma instância para o quê? No que a gente pensa quando se refere ao coração? Gente pensa em sentimento. A gente acha que as emoções estão no coração. Isso não é verdade, as emoções não têm nada a ver com o coração, as emoções estão na barriga. Sentiu o elevador subindo e descendo? As emoções estão nas entranhas, não tem nada a ver com o coração – isso foi nossa aula de semana passada. As emoções não estão no coração, nele reside apenas uma câmara, um quarto amplo, para pegar as emoções e dar sentido a elas. O coração dá sentido.


Então quando vocês estiverem no Tantra, processando, e naquele negócio [Gurusangat estica o braço para cima, demonstrando uma postura], e pensando quantos minutos ainda faltam para acabar – tem gente que conta, eu já vi muita gente fazendo isso, coloca lá o “contador de tortura”, e fica olhando o relógio; o tempo nunca passa, é melhor você não fazer isso, é melhor esquecer. Naquele momento, você precisa conectar o coração com o processo, porque o coração dá sentido à experiência. O coração é a razão, não o sentimento. Acabamos com o romantismo do século XVIII e XIX. Acabamos. Quem revirou na tumba agora? Muitos românticos dos séculos XVIII e XIX. O coração dá sentido à experiência. Ele que qualifica. Ele ajuda a direcionar aquilo para a cabeça. Então, vamos nessa?


Kriya: "Heart Connection (12 de Março de 1986)", do manual Transitions to a Heart-Centered World. Meditação do próprio kriya.


May the long time...


[Transcrição: Sat Bhagat Singh Khalsa]

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