Entrevista com Gurusangat
Nessa parceira que o blog da Abaky estabelece com o site Suni-ai publicamos um trecho da entrevista que Patwant Kaur realizou com Gurusangat Kaur Khalsa: "Como treinar a mente por meio da meditação e usá-la em benefício próprio".
“Não existe um ser humano que queira sentir dor. E não existe ser humano que queira sair da dor”. Esta afirmação é um paradoxo. Como a pessoa pode treinar a mente para fugir dessa identificação com o drama existencial do ego e buscar a própria força?
O ser humano tem uma característica própria no que tange o enfrentamento do desconhecido. O temor àquilo que não temos controle, e que, portanto, pode, em tese, nos subjugar e derrotar. Isto é tão fortemente arraigado em nosso cérebro, que preferimos evitar o desconhecido.
O cérebro tem um mecanismo arcaico de registro de experiências pregressas de dor e de trauma. Essas memórias se registram nas amigdalas, estruturas do tamanho de uma ervilha localizadas em cada um dos hemisférios cerebrais. Elas, associadas a outras estruturas do chamado cérebro emocional (sistema límbico), orquestram uma reação imediata de defesa quando o evento que vivemos nos ameaça.
A dor é desconfortável, adoece e deprime nosso sistema por inteiro. Não me refiro apenas à dor física. As dores existenciais, ou as dores fruto de experiências difíceis e que causam frustração persistente, são também causa de grande angustia e sofrimento para o ser humano. O pano de fundo deste tipo de sofrimento se relaciona com nossa maneira imatura de processar emoções, que produz intrigas mentais supostamente racionais, mas que lá no seu âmago, nada mais são do que desculpas e autojustificativas para nos mantermos onde estamos.
Somos sensíveis à dor, entendemos sua topografia, muitas vezes estamos conscientes da causa, mas não temos em nós o mecanismo neurológico automático que nos auxilie na superação da dor sem que haja garantia imediata de que estaremos melhor e mais confortáveis lá do que onde estamos. Parece à psique humana que, dar esse passo dentro de um território desconhecido é mais doloroso do que a própria dor que nos engolfa aqui e agora. Vivendo assim nós nos tornamos vítimas e algozes de nós mesmos.
Se por um lado sofremos muito em determinadas circunstâncias e nossa compreensão se limita a julgar a circunstância pela nossa dor, por outro lado, insistimos em permanecer onde estamos em razão de duvidarmos da segurança que poderia residir numa situação desconhecida. Essa dinâmica está presente em relacionamentos íntimos, em relacionamentos de trabalho e até mesmo em amizades. Preferimos permanecer na dor de uma situação que nos é conhecida a caminhar por trajetos que não temos controle. Existe um provérbio indiano que explica isso muito bem: “somos como o leão que caminha livre pela campina com sua juba revoando ao vento, mas que sente saudade da jaula porque nela se sentia seguro”.
A superação de todo e qualquer sofrimento, para a maioria, pressupõe dois sentimentos: de um lado a exaustão em relação a situação dolorosa do momento, algo como “eu não aguento mais! ”. A pessoa cansou de sofrer e há um desejo imperativo de mudança. De outro lado, é importante também haver disponibilidade interna para experimentar uma condição ainda não vivida. É necessário olhar para o desconhecido da mesma maneira que olhamos para um herói: cheios de esperança e confiança!
A quantidade de energia requerida para superar a dor ou permanecer na dor é a mesma, e o que nos faz insistir na dor é nossa falsa identificação ao que traz satisfação emocional imediata e controle.
Leia entrevista completa em www.suni-ai.com
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