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Kundalini Yogis dos Andes

por Gurusangat Kaur Khalsa


Museu de Arte Contemporânea de Salta. Em uma de suas mesas de calçada, à moda argentina dos cafés, aprecio o vai e vem dos “saltenos”. Os anos dourados do país estão perfeitamente preservados em seus museus, hotéis, galerias e restaurantes ao redor da grane plaza central. Poderia ser certamente Paris se não fosse os traços inconfundíveis do colonial espanhol.


As pessoas parecem desconsiderar qualquer importância que teriam meu turbante e minha Bana índigo blue, o que me faz sentir, ilusoriamente, como uma outra qualquer. Você pode imaginar, não pode? A discrição dos argentinos me agrada bastante. Depois de cinco dias no alto das montanhas silenciosas e majestosas pré-andinas, em um lugar chamado Cachi, este vai e vem de carros e gente me agrada e reforça meu sentimento de que há beleza em tudo e que cada coisa carrega a força de sua própria identidade.


Quando Guruteg Bahadur Singh, lá em Bakala, meditava na imensidão do desconhecido e projetava suas orações ao ocidente, muitos da época não entendiam. Por que rezaria um Budsatwa da sua magnitude voltando-se para a direção dos intocáveis estrangeiros? Em sua serenidade constituída por uma profunda certeza, ele respondia simplesmente “é lá que encerra o futuro do Dharma”.


Não sei porque ainda me surpreendo ao visitar estes cantos mais remotos das Américas, encontrar neles a gente que se referia o Guru. Sim, os yogis do Dharma estão mesmo nascendo nestas terras distantes, as terras do por do sol...


Os yogis chegam de todos os lugares e a sala vai se enchendo de caras totalmente desconhecida que carregam um sorriso sincero no rosto e uma enorme gratidão no coração. Eles se assentam e olham para mim e se encantam com tudo que vêm e escutam. De meu lado, me entrego a servi-los do que há de melhor neste Dharma e Ensinamentos. Há uma empatia, e tudo flui naturalmente e nos embala como o colo de uma mãe sábia e poderosa que não se abala com nenhum desafio. Os Ensinamentos os alcançam e eles saboreiam, e eu me encho de bênçãos e gratidão. Para muitos, provavelmente, este será nosso primeiro e último encontro, mas há nos olhos de todos um apelo para mais.


O tempo se encarrega de transformar tudo e tornar tudo real. A única coisa que não é engolida pela língua ávida do tempo é a intenção do coração de quem experimentou um encontro sincero. Se este coração é de um professor, então sua oração tem poder e nela são envolvidas todas as criaturas que por um instante fizeram parte da eternidade de um encontro de amor.


Que todos os seres sejam abençoados a caminhar em seus destinos e que nesta jornada eles todos encontrem a presença encorajadora e luminosa do professor.


Wahe Guru, Sat Nam.


Belo Horizonte, 27 de novembro e 2014.

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