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[GSK] Se conectar no fluxo da realidade

Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa em 5 de maio de 2017


[GSK abre a aula]


Hoje a aula se chama "Renovação do Sistema Nervoso", mas a gente tem, pelo menos, umas oito aulas de Kundalini Yoga que são sobre renovação de sistema nervoso. Essa aula tem de diferente é que o eixo que ela trabalha no sistema nervoso é o nosso sistema de crenças. Porque se tem uma coisa que envelhece e enrijece o sistema nervoso é um sistema de crenças rígido. As crenças são muito importantes, não existe sistema vivo que viva sem uma crença. Todas as vezes que o sistema de crenças fica preso demais e não acompanha o dinamismo da realidade, pronto, o sistema nervoso sofre. Por que o sistema nervoso tende a sucumbir quando a realidade se torna mais dinâmica que o nosso sistema de crenças. O que faz ele se abalar tanto? É uma lógica muito básica. O que poderia estar por trás disso?


Aluno: O estresse.


GSK: Certo, o estresse, mas por quê? O que ele tenta fazer?


Aluno: Medo do desconhecido.


GSK: Talvez tangencie também. Mas eu queria que vocês fossem mais precisos, porque está muito claro. Tem uma relação lógica. Se o sistema de crença uma vez aplicado à realidade funcionava, mas a realidade se move, seu sistema de crenças fica para trás, por que isso debilita o sistema nervoso? Falaram estresse e medo. Mas tem um outro elemento.


Aluno: Por que ele tem que se adaptar à realidade?


GSK: Ele não quer se adaptar à realidade. Essa é a história. Ele não quer se adaptar.


Aluno: Por ele não querer, mas ter que se adaptar?


GSK: Eles não têm que se adaptar. Quantas pessoas que vocês conhecem que têm um sistema de crenças completamente obsoleto? Ele está apegado. O problema, a destruição do sistema nervoso, a fraqueza do sistema nervoso se dá porque há internamente uma rejeição da realidade. E não pode existir maior enrijecimento do quando você rejeita o que é. Todas as vezes que nós rejeitamos a realidade por causa de um sistema de crenças, é muito pior, porque esse sistema já deu ao indivíduo grande credibilidade, e de repente não dá mais. Então a pessoa se apega à credibilidade que teve antes e que agora não tem mais. Então vai ficar completamente anacrônico, vai ficar algo que se movimenta paralelo à realidade. Para renovar o vigor do nosso sistema nervoso é preciso renovar o nosso sistema de crenças, ele tem de ser tão dinâmico quanto à dinâmica da realidade.


O Guru Nanak tem um mapa, um poema para isso. Ele é um professor pós-moderno, então quando ele está lá na Índia medieval, e as pessoas olham para a realidade e falam: "que é isso?", porque a crença delas as impede de ver a realidade e sua dinâmica. O Guru Nanak tem um poema que fala assim: “Você está olhando para tudo e achando estranho? Oh, meu amigo, olha para o coração. Aquilo que você está achando estranho tem um coração. Se você olhar para o coração, por mais estranho que lhe pareça, verá que o coração bate na frequência de Deus.” Então a gente tem de buscar olhar para a essência, para algum lugar em que você se conecta no fluxo da realidade, que é sempre divina. Então, a aula de hoje entra nesse lugar.


Parece que nós, porque usamos os paramentos do Kundalini Yoga, somos muito abertos, dinâmicos na mudança do nosso sistema de crenças. Ledo engano! Não somos. Somos muito arraigados e presos numa forma de pensar. E quanto mais nós estivermos na nossa idade adulto jovens, que vai aí sei lá, de 21 até os 36, esse período, quanto mais aparentemente livres nós formos para fazermos o que nós quisermos, mais esse grupo sofre risco de, numa idade adulta, enrijecer no seu sistema de crenças, porque tende a levar para a vida adulta a crenças que pautaram a liberdade dele. E se tem uma crença que a gente paga qualquer milhão para poder ter é a crença de que eu preciso ser livre. Esse é o maior engodo, porque nós não somos livres. A única liberdade que a gente tem é a liberdade de escolher como é que a gente vai agir. E para a gente escolher como é que a gente vai agir, a gente precisa renovar nosso sistema de crença.


Então, a realidade se move, o sistema de crenças tem de se mover junto. Noventa e nove por cento das pessoas estão assim: a realidade se move e elas estão catando a realidade, elas não estão junto. Raramente, há pessoas que estão à frente do seu tempo, como o Guru Nanak. Está à frente de seu tempo, ditando um conjunto de valores para que as pessoas possam se inspirar. E esse é o papel do professor. Ele deveria estar um pouco à frente da realidade do aluno para ele poder ser uma inspiração para o aluno, e para isso o professor realmente precisa ser muito original.


Kriya: "Renovando o sistema nervoso", do manual Infinity and Me.


Essa aula é extremamente meditativa, ela é muito suave, mas é muita coisa, e o cérebro agora não consegue processar uma meditação. É preciso dar intervalos longos de equalizações, hoje vocês equalizaram 50 segundos, 1 minuto. Permita que o aluno de vocês vá para o espaço meditativo, convide os alunos, porque agora não dá mais para meditar. É muita coisa para o sistema nervoso. Aqui está o exemplo de uma aula aparentemente tão inocente, mas que carrega muita informação para o sistema nervoso. Agora é quase impossível pensar, processar. Então nós vamos nos dar por satisfeitos hoje.


O sistema nervoso vai se estressando quando ele não consegue mais se ajustar à realidade. Há um profundo envelhecimento precoce, especialmente do cérebro. Há um grau de doenças degenerativas do sistema nervoso, elas são, muitas delas, fruto de um descompasso entre a realidade e o sistema de crenças. Por isso que eu tenho muita compaixão quando eu vejo, por exemplo, pessoas que acham que estão marcando ponto na sociedade quando falam que não conseguem se envolver com tecnologia, que é da época da caneta e papel. Isso é a típica comprovação de uma pessoa que está desajustada da realidade. Por que não? Qual o problema de você ter 90 anos e entender perfeitamente de tecnologia? Esse é um dos exemplos. Tem vários. Essa é uma questão tecnológica. Ao envelhecer, se a pessoa não consegue mais absorver o volume de mudanças que acontecem, por exemplo na tecnologia, ela prefere se arraigar num sistema de crenças e falar que é de outro tempo e que esse negócio não diz nada a ela. Dá uma desculpa, uma justificativa para ela mesma.


A gente precisa o tempo todo se desafiar. Do ponto de vista social, para uma pessoa mais velha, de gerações muito para trás, deve ser muito difícil para ela ter que incorporar, por exemplo, toda a diversidade de gênero. Não deve ser fácil. Ela está vinculada a um tempo em que tudo era muito pouco exposto e tudo muito simples. É um homem, uma mulher e o que tiver entre eles é o adoecido. Então esse frescor do sistema de crença para compreender a realidade é volitivo, depende da vontade da gente, de querer. Senão, existem várias razões para você se recolher. E aí se você ficou fora do tempo, é gerado no seu sistema nervoso um grande desgaste para você poder se adequar ou se justificar. Reforça o que nós conhecemos do curso nível 2 de Estresse e Vitalidade sobre o estresse elementar básico. É papel de vocês professores sempre mobilizar seus alunos para conseguirem estar no tempo de forma ajustada. E vocês não vão fazer isso teoricamente. Talvez vocês possam até trazer o tema, mas são exercícios como esse que abrem muito o espaço de absorção da realidade, da realidade como ela é. Sem dizer que nós no Brasil estamos num momento muito propício para fazer isso: entrar na realidade e olhar para o coração da realidade.


Se a coisa está muito desesperadora, olha para o coração da realidade. Tente se relacionar com o coração da coisa porque é muito fácil a gente sair da realidade e buscar um modelinho nosso, que não bate. Acho que não existe lugar melhor no mundo para se estar, para fazer a gente quebrar todos os alicerces do nosso modelo arcaico de crenças. Porque é uma piração contínua diária, tudo que você acreditou ontem não é realidade hoje. Uma loucura, então a gente tem de olhar para o coração.


May the long time sun shine upon you

[Transcrição: Sada Ram Kaur]

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