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[GSK] Porque sou Khalsa

por Gurusangat Kaur Khalsa


Há milênios, a prática de explorar níveis profundos da consciência estava intimamente ligada aos estudos da psique humana, da natureza do universo e das particularidades do corpo. Os yogis que viviam nas montanhas do Himalaia deram início a estes estudos e criaram um corpo muito sólido de conhecimento válidos ainda hoje universalmente.


Entretanto, a tomada das terras do Vale do Indus (sociedade matriarcal) pelos arianos criou uma tremenda mudança na acessibilidade a estas fontes.


Na medida em que o sacerdote se ascendia na hierarquia recém-criada, ele próprio estabeleceu que apenas os das altas castas poderiam estudar. Definitivamente privados desta oportunidade ficaram os demais indivíduos membros de outras religiões e as mulheres, já que no sistema védico elas são consideras menos do que animais.


A humanidade precisou aguardar séculos até que surgisse a voz de Guru Nanak Dev Ji denunciando a segregação e a discriminação inerentes a este sistema, que separava – e ainda separa – seres humanos por castas e gênero de forma a limitar o acesso e a experiência da expansão da consciência humana.


Os Ensinamentos do Guru Nanak e das outras nove emanações de sua luz presentes nos demais Gurus eram claros: restituir o direito de todos ao conhecimento e revogar indefinidamente a discriminação da mulher, lhe concedendo os mesmos direitos tanto nos estudos quanto na participação nos protocolos da vida espiritual. No ministério do Guru Nanak, Dharamsalas – salas de estudo do Dharma – foram abertas a todos, dando início a uma verdadeira revolução educacional em pleno século XV.


Séculos depois, a Índia se vê novamente tomada, desta vez pelos muçulmanos. Um de seus imperadores, famoso pela sua visão conservadora e radical do Alcorão e por sua impiedosa discriminação, deu início a uma política de conversão em massa ao Islamismo. Seu nome era Mohamed Aurangseb, e seu reinado perdurou de 1658 a 1707.


Dentre as várias restrições impostas por ele gostaria de destacar duas. A primeira foi proibir que as pessoas de outras religiões expressassem sua fé em público, e a segunda foi fechar qualquer Dharamsala, agora conhecida por Gurdwara (portal para o Professor).


Mais uma vez a voz do Guru Nanak se fez presente através do Guru Gobind Singh Ji. Após ter tido seu pai decapitado pelo Imperador Aurangseb em razão de sua defesa em prol da religião Hindu, que a propósito nem era a sua, Guru Gobind Singh declarou que os Gurdwaras eram, em sua essência, locais assegurados à qualquer indivíduo, independente de sua religião ou gênero, para que todos tivessem a chance de experimentar o Shabd Guru, uma forma universal de diálogo entre a consciência humana e a Consciência Divina. Bandeiras foram erguidas (Nishan Sahib) em todos os Gurdwaras para que se identificasse de longe aquele local como um templo aberto a todos. Além disto, os Gurdwaras teriam por obrigação alimentar e abrigar a todos, independentemente da casta, credo ou religião.


O Gurdwara se tornou, portanto, um lugar sagrado dedicado à meditação, à leitura, aos cantos de louvores ao Arquiteto do Universo, e a fim de servir a todos deveria ser também um local livre de qualquer ritual de adoração.


Os Ensinamentos dos Gurus são preservados nos Gurdwaras, e eles poderiam ser agrupados desta maneira;

  • Os Sikhs do Guru devem amar e servir a todos independente de qualquer predicado,

  • Ver Deus em tudo e servir Deus em cada ser existente,

  • Não temer,

  • Não ameaçar,

  • Não permitir crueldade e injustiça a ninguém,

  • Controlar seus desejos, sua mente, ter paciência e ser compassivo.

  • Ser um meio vibrante envolvido com a prosperidade de todos os seres no planeta (Nanak nam chardi kala, teri bani sarbt da bala)

Eu entendo o Gurdwara como um território soberano, livre e a serviço de todos para que possamos juntos vibrar na consciência do universo e corajosamente assumirmos nossa verdadeira identidade e servir para uma sociedade de paz e justiça social. É por isso que eu me tornei uma Khalsa e espero honrar meu compromisso até meu último suspiro nesta terra do Dharma.


Wahe Guru Sat Nam.

Santa Fé, 29 de Abril de 2014.


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