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[GSK] A força do espírito reside na soberania da alma

Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa no dia 19 de fevereiro de 2016


A aula de hoje é uma aula que nunca dei em sala de aula, mas antes de entrarmos nela, quero abordar um assunto muito importante com vocês. Quero falar sobre a conversa em torno dos casos clínicos nesse grupo de sexta-feira.


Talvez vocês não saibam disso, talvez alguns poucos saibam, mas o Yogi Bhajan nunca fez uma consulta, em tempo algum, que fosse particular. Todas as consultas do Yogi Bhajan eram em grupo. Então você se assentava em grupo, onde ele dizia que todos que estavam naquela sala tinham que ouvir o problema de todos. Tinha uma razão para ele fazer isso. Isso não vem do Yogi Bhajan, mas de consultórios e hospitais médicos na Índia. Quem esteve lá já viu isso, quando você vai fazer uma consulta de epidemiologia, de dermatologia, o que for, a consulta é coletiva. Todo mundo está na sala do médico, você se assenta, ele faz a sua anamnese inteira e tal, e te dispensa. Faz parte de uma cultura – eu me pergunto se seria exclusivamente indiano ou não. E o que está por trás disso é o fato de que quando as pessoas se reúnem, elas não se reúnem por acaso, em primeiro lugar. Em segundo, uma questão de alguém ali está servindo para outro, está servindo de esclarecimento para todos. E o Yogi Bhajan sempre trouxe isso para a prática do Kundalini Yoga. Ele nunca recebia ninguém sozinho, e, quando você dizia que queria uma entrevista particular, ele não concedia. Entrevista particular nem para chefes de estado, porque nem chefes de estados vão também sozinhos nas suas entrevistas.


Ele então recomendou demais, em especial para os Lead Teacher's, que incorporássemos isso – na medida em que você vai tendo a capacidade de tratar um caso de modo a ele ter uma relevância coletiva para a sangat. Ele recomendava demais que a gente trouxesse esses exemplos para sala de aula. Vocês todos aqui já cansaram de fazer Nível 2 e viram ele tratar muito disso, vocês viram os casos que ele trata. Hoje também com o material disponível do Yogi Bhajan em português, como o Master's Touch, vocês podem ver ele tratando de muitos casos clínicos. Os casos clínicos estão sempre presentes, com a única recomendação, óbvio, de que nomes sejam omitidos. Essa é uma prática também na medicina.


Vocês que estão escutando os casos clínicos sabem: quantas vezes, sentados aqui, escutando, quantas vezes um caso clínico não encaixou diretamente em você? Todas as vezes! É uma piada jocosa que eu faço: "quem me contar o seu problema? ele vai virar um caso clínico!" É um modo de brincar com a situação, mas nem todas as histórias trazidas são pertinentes, aquelas que são pertinentes são aquelas que tem um vínculo com a consciência da sangat e podem ser muito úteis para que vocês se elevem, se espelhem. É uma psicologia do espelho – não sei se esse termo já existe ou se estou criando ele agora. A psicologia do espelho.


Um outro elemento que acho importante vocês saberem é que esses casos clínicos estão potencialmente, quando trazidos para o coletivo, como diz o Yogi Bhajan, cheios de cura. Porque quando um caso desses é tratado em sangat, vocês não se assentam dizendo assim: "nossa, francamente!" "que que é isso?! já era tempo!" "pelo amor de Deus!". Não é assim que vocês se assentam. Vocês se assentam e escutam em seu modo compassivo, que é o modo de gerar Gurprasad, que é o modo de gerar bênçãos.


Falta um último detalhe: uma pessoa que não é capaz de sustentar no anonimato o seu próprio caso, ela não é digna sequer do caso. Porque todo caso nosso de vida é digno de ser contado, e para um professor de Kundalini Yoga ainda mais – quando você começa a se tornar um professor de Kundalini Yoga mesmo, um treinador de professores de Kundalini Yoga, quando você é capaz de contar aos seus alunos as suas mazelas, as suas crises de superação, os seus deslizes. É isso que acontece quando vocês se tornam um professor de Kundalini Yoga.


É uma benção, digamos assim, ter um caso retratado, porque alguém está fazendo o serviço por você. Está certo? É só para contextualizar a questão do caso clínico e dizer que eu vou continuar trazendo e tratando.


Nós vamos fazer uma aula para o nervo ciático. É a clássica, só existe uma aula para o nervo ciático no Kundalini Yoga. Quero falar um pouco sobre o nervo ciático, sobre o qual a gente poderia falar horas, mas quero fazer apenas uma introdução. O nervo ciático é considerado no Kundalini Yoga o nervo da vida, mas vocês sabem qual é o nervo da alma? Professores de Kundalini Yoga, qual é o nervo da alma? [a classe fica em silêncio] Vou perguntar de novo: professores de Kundalini Yoga, qual é o nervo da alma?


Alunos: Kundalini!


GSK: O nervo da alma é o Kundalini. Este é o nervo da alma. O nervo da vida, que é o ciático, traz para a parte sacral e as pernas a base energética e neuromuscular para que o nervo da alma se manifeste. Então, pessoas que têm problema no nervo ciático têm uma grande instabilidade da região sacral. Quando você tem uma instabilidade na região sacral a sua energia do Kundalini não se movimenta. A aula de hoje cria uma base, distribui força neuro-musculares para que no final a gente tenha um portal dessa articulação livre e bem sustentado, para que a energia do sacral se libere.


O Yogi Bhajan fala que com essa aula a gente trabalha com a energia do cérebro como se a gente o manipulasse com as próprias mãos, para colocá-lo no lugar. Vocês vão reparar que as três primeiras poses trabalham no corpo radiante. Como poderia haver um nervo da alma, estimulado por um nervo da vida que não abrisse os corpos sutis? Impossível! Vamos para a aula?


Kryia para o Nervo Ciático


Queria lembrar a vocês que messe momento psíquico que estamos passando, uma série de desmoronamentos, não se trata mais de olhar para a realidade escolhendo uma lente – e acho que esse o maior presente que o Kundalini Yoga dá para a gente. Não adianta nada olhar para a realidade escolhendo uma lente. Não adianta a gente pegar a lente do nosso filtro político, ideológico, nenhum tipo de lente adiante. Nós temos que olhar para a realidade como ela é e dela apreender que as pessoas estão em sofrimentos. Mas não apenas isso, que as pessoas estão em sofrimentos, mas que nós estamos desmoronando.


Quem não esperava isso se enganou. Muita gente esperava isso porque é aquela história que nós estudamos no Kundalini Yoga, quando nós subimos para as alturas, tem duas maneiras de nós alcançarmos a nossa expansão: ou a gente sobe em forma de balão ou a gente forma valores. E a gente vem subindo em forma de balão há muitas décadas. Então a gente vai cair e ter uma chance de recomeçar. Não é disso que eu quero falar porque vocês estão cansados de saber disso. Agora, mais do que nunca, aquela máxima: "a única liberdade que você tem é a sua liberdade de fazer determinadas escolhas diante de qualquer realidade". É o que Viktor Frankl descreve tão bem em seu livro "Em busca do sentido". Professores de Kundalini Yoga, vocês precisam ter um aporte, uma reflexão sobre esse momento em mãos, na ponta da língua. E esse livro ajuda vocês a fazerem essa reflexão. Pessoas em um campo de concentração, o que fez com que elas sobrevivessem? Foi a força do espírito! Onde reside a força do espírito? Será que é no templo, na sinagoga?


A força do espírito reside na soberania da nossa alma. Isso é feito com determinadas escolhas. É por isso que é importante que vocês se instruam um pouco porque o momento nosso, desse ano, vai pedir isso. Vai pedir que a gente reflita em nossas escolhas e estejamos juntos. Nós precisamos estar juntos para nos superarmos. Precisamos discutir nossas dificuldades, e nós teremos muitas dificuldades. Na região onde eu moro não deixo de dar carona um dia pra alguém que perdeu o trabalho, eu não encontro uma vizinha que não tenha fechado o escritório e voltado pra casa. A situação realmente é grave. Por isso que eu acho que a gente precisa refletir mesmo sobre os preços que a gente está cobrando. As pessoas não tem dinheiro e nós queremos continuar servindo. Foi por isso que tomamos a decisão de não aumentar o preço da aula de Kundalini Yoga. Quem está subsidiando isso? Nós! Talvez se a gente fizer um esforço e apertar um pouco nós podemos atravessar essa crise de uma maneira melhor do que se não fizermos um esforço.


As pessoas vão precisar da gente mais do que nunca. É isso também que nos fez mudar o programa do acampamento de mulheres, para baixar os custos e o preço final. Nós temos que começar a pensar nessas estratégias para servir as pessoas, para estar com as pessoas. A gente precisa sempre lembrar que a gente não pode deixar a situação nos definir. Nós que precisamos nos definir na situação. É o momento de estarmos juntos. Nossas aulas de sextas-feira vão ser muito importantes e o Gurdwara também. Estarmos juntos em escala. É o momento de termos atenção e, ao mesmo tempo, muita fé. Fé é uma coragem ativa para servir. O lado bom disso vocês sabem qual é: quando a gente atravessa uma constrição dessas nós saímos radiantes, saímos fortalecidos e com bênçãos.


Sat Nam!


May the long time sun


[Transcrição HariShabad Kaur Khalsa]

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