[GSK] A defesa sutis dos nadis
Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa em 10 de março de 2017
[GSK abre a aula]
Essa turma de sexta feira é de professores. A Lídia está fazendo o curso de formação, começou recentemente, semana passada, bem-vinda. Você vai estranhar um pouco porque é uma aula em que eu falo um pouco mais do que deveríamos falar em sala de aula. A gente também treina os professores para o trabalho.
Hoje nós vamos trabalhar os nossos meridianos. Meridiano é uma terminologia chinesa, a gente fala a palavra meridiano porque foi incorporada ao Português através da medicina chinesa. Nós do Kundalini Yoga, ao invés da palavra meridianos usamos a palavra nadis. São canais sutis por onde o naad passa, o som primal passa. Os meridianos ou nadis têm uma correspondência com o sistema linfático, onde tem linfa tem o sistema de nadis. Então é uma rede muito grande. Eu acho que meridianos está muito mais no inconsciente coletivo do que nadis, quando eu falo meridianos, vocês logo compreendem, imediatamente vocês imaginam o corpo em rede.
Por que o corpo teria além dos sistemas linfático, nervoso e vascular, uma rede de meridiano? Lembrem que vocês têm que fazer sentido. Não tem nada a ver com o sistema linfático. Os nadis carregam o naad, carregam uma frequência. Alguém suspeita por que tem a ver com a parte energética? São ondas, frequências, mas por que temos uma rede tão dispersa, tão grande, que acompanha muito o sistema linfático? Ele está no nosso corpo para limpar aquilo que o sangue não consegue limpar, isso a gente sabe da medicina. Então o sangue chega de um jeito e sai de outro, limpa muita coisa, o sistema linfático está onde o sangue não consegue limpar, ele é um sistema de defesa. O sistema linfático faz a defesa do nosso sistema imunológico. E a nossa rede de nadis defende a gente onde o sistema linfático não consegue defender. O sistema de nadis faz a defesa dos nossos corpos sutis. Ele se responsabiliza por tratar a nossa defesa mais sutil. Qual corpo é responsável pelas defesas mais sutis? O corpo radiante, áurico, sutil, campo eletromagnético e o prânico. Sendo que o corpo prânico é o primeiro que barra o adoecimento e é o primeiro a precisar da defesa que vem dos nadis. Por isso que a gente usa tanto pranayama para estimular os nadis, porque são eles que são responsáveis pela defesa do corpo prânico.
Toda defesa promovida pelos nadis, ou seja, dos corpos sutis, é eliminada quando nós seres humanos estamos na condição de existir apenas em uma metade. A existência de uma metade vem do romantismo. O romantismo não é eu me apaixonar, mas é filosófico que assolou a gente depois do Iluminismo, no século XVIII. O romantismo diz que quando eu encontro com uma outra pessoa, eu encontro com a minha metade, a minha cara-metade. Essa ideia de que só quando estou com minha cara metade eu estou completo é que arrasa com nosso sistema de defesa, porque quando eu estou me sentido metade, esperando que a outra metade me complete, não estou inteiro e quando não estamos inteiros psiquicamente os nossos nadis estão totalmente subutilizados.
A primeira coisa que a gente faz no Kundalini Yoga é acabar com essa premissa de que sou metade para encontrar com outra metade. Eu sou um inteiro para encontrar com outro inteiro. A aula de hoje vocês vão fazer como se vocês fossem inteiros, encontrando com outros inteiros. Essa é a base da chave geral do sistema de meridianos. É uma concepção, uma clareza do modo de existir. Mesmo quando nós estivermos na pior, nós somos na pior, mas inteiros. Vocês yoguis não padecem mais desse mal de se sentirem metades, encontrando com outras metades, mas vocês têm alunos que são assim, que são metades buscando por outras metades. Vocês começaram por aí, com certeza a maioria, como metades querendo encontrar outras metades. A aula de hoje é para resgatar essa inteireza, essa unidade dentro de nós. Então, o sistema de defesa mais requintado que nós temos é o sistema de nadis, e o sistema de nadis só é ativado com o som, então vamos usar o som nesta aula. E vamos usar um som muito especial, um dois, um dois... como se nós fossemos computadores.
Kriya: "Trabalhando os meridianos", do manual Infinity and Me
Nós vamos fazer uma meditação muito sagrada. Talvez a gente nunca tenha feito esta meditação. Ela é uma meditação para o diafragma. Existem duas circunstâncias que mostram que temos um problema grave de fluxo dos nossos nadis, portanto nós estamos muito indefesos, pois nossa defesa mais sutil está desligada. É quando um professor está no Shakti Path, então o Shakti Path é uma negação do papel do professor. Esse Shakti Path é muito doloroso e ele indica um bloqueio completo no sistema de nadis. Nele, você só está atuando com a sua defesa do triângulo inferior. Você se recolhe do seu espírito mais expandido do ser real, nós nos recolhemos do ser real e vamos imediatamente criar a residência no ser oculto, que na verdade não é oculto. Para o mundo inteiro, é fácil olhar e reconhecer alguém que está no Shakti Path, porque você se recolheu completamente da identidade do seu ser oculto. E na identidade do seu ser oculto, você se justifica, então é onde você tem o maior contato e riqueza com suas intrigas mentais. A meditação pode resolver ou não. Existem muitas pessoas que permanecem no Shakti Path meditando. A meditação vira apenas mais um instrumento de garantia daquela posição que a pessoa está. Então esse é um caso em que o nosso sistema de nadis bloqueou.
A segunda condição é quando o nosso diafragma está pouco flexível. O sistema de naad é dependente do fluxo de prana e, sem diafragma flexível, esse sistema de defesa, não é ativado. Quando uma pessoa está no Shakti Path, ela está completamente inflexível no diafragma. Não tem jeito, se o diafragma se torna flexível a primeira coisa que vai acontecer é que o que está no triângulo inferior vai para o triângulo superior, não tem jeito. O diafragma possibilita essa passagem, essa meditação é para dar flexibilidade ao diafragma. Ela se chama Pant Grani Kriya. O Yogi Bhajan fala sobre ela: para abrir o diafragma para que você mude de dentro para fora. E tudo que a gente quer no Shakti Path é mudar, porque ele é o caminho do adolescente. A pessoa no Shakti Path que não consegue absorver uma crítica, está completamente residindo na defesa mais vulgar que a gente pode ter. Vulgar no sentido de ser a mais comum. A defesa mais sutil e eloquente da excelência é a defesa dos nossos nadis, que é do corpo radiante.
Meditação Pant Grani Kriya
Nós ainda temos 3 minutinhos, vocês têm alguma dúvida?
Aluno: Você pode falar sobre a glândula da finitude e a pineal do infinito?
A hipófise é a glândula que comanda o finito porque ela comanda o corpo físico. Essa é uma frase do Yogi Bhajan, porque ela comanda todas as outras glândulas. Então nós somos exatamente aquilo que a hipófise manda secretar. E a pineal é uma instância, uma glândula do nosso corpo que comanda a nossa relação com o infinito, e ela faz isso usando o sistema de nadis e projeções dos corpos sutis. A Kirn Jot estava lendo um artigo sobre Kirtan Kriya que fala sobre ponto de Deus no cérebro. O tal Ponto de Deus, que acho que eles chamam de Zona de Deus, a gente pode pensar que isso é coisa maluca de yogi, mas pode até ser coisa de gente maluca, mas não é do Yoga é da neurologia mesmo. Eles identificaram no cérebro o ponto onde nós fazemos a conexão com o infinito. Esse ponto no cérebro é a regência da pineal. Então ele comenta isso, que a pineal é nossa conexão com o infinito e a hipófise somos nós com o finito. É importante vocês saberem que esse tema do trabalho da aula de hoje tem uma aplicabilidade prática muito grande que é quando nós estamos muito presos no enredo e nas intrigas mentais, especialmente quando nós estamos em conflito, porque é o melhor lugar para a gente saber disso, é quando estamos em conflito. Porque fora do conflito não pensamos sobre nada, só experimentamos a maravilha que é um período da vida da gente sem conflito. Porém, quando estamos em conflito e nós nos confinamos, é o melhor momento de pensar em como estamos nos defendendo. Se nós nos defendemos a partir de um enredo, de uma narrativa que justifica a nossa vitimização, com certeza, 120 por cento de certeza de que nós estamos na nossa defesa mais pobre. E perdendo a chance de aprender. Isso é o Shakti Path.
Quando nós estamos em conflito e ficamos abalados, desgastados, a gente tem um gosto amargo na boca, a gente não queria estar ali, tudo isso é legítimo, nós sentimos raiva, medo, asco, o que for que a gente sinta em conflito, é legítimo, desde que não encarcere a gente naquilo. A gente precisa compreender a lição, o aprendizado e, especialmente, a parte que temos de compreender naquela zona de conforto porque não existe nenhum conflito na vida de um ser humano que seja por acaso. E tem um período na vida da gente que é natural a gente ter mais conflito. No meu período de UFMG, eu tinha conflito … eu era a rainha do conflito. E a minha narrativa era sempre assim: eu sou mais justa, a mais democrática, a mais sei lá o quê. Sempre denotando a minha pobreza de persistir sem querer aprender com o conflito. Mas é natural quando a nossa evolução emocional acompanha a nossa maturidade cronológica. Tem um tempo para a gente viver conflitos, relacionamentos pobres, podres, tem um tempo. Isso deveria acabar na vida da gente com uns trinta e poucos anos, deveria acabar. Porque é quando o amadurecimento emocional se dá concomitante com o glandular. Então você sai daquela infantilidade e você amadurece, quando isso acontece. Não que os conflitos vão deixar de existir. Eles existem, mas você não deixa que eles persistam. Você aprende logo. E o melhor é quando você chega perto dos 47 anos, em que os conflitos nem chegam a materializar porque antes de eles se materializarem, você já aprendeu através da intuição. Com exceção feita a quem está no Shakti Path. É tristíssimo ver uma pessoa de 60 anos no Shakti Path. Os anos mais difíceis dessa pessoa foram os seus primeiros 50 anos de infância. Essa pessoa está entrando na adolescência com 60 anos. Então é melhor que a gente tenha o nosso Shakti Path quando a gente tem 30, do que tardio. Porque é a hora de a gente estar sábia, e a gente está criando arestas. Eu tenho zilhões de exemplos, mas eu não vou dar nenhum, inclusive de vocês. Mas vamos parar por aqui. Ah... Essa meditação não pode ser feita por mais de 11 minutos, isso é muito importante.
May the long time sun shine upon...
[Transcrição Sada Ram Kaur]
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