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Carta aberta: Manifestações, educação e respeito à diferença

"Ih, fudeu, Bin Laden não morreu"

por Siri Sahib Singh Khalsa


Ao participar da bela manifestação que reuniu mais de 120.000 pessoas nas ruas de Belo Horizonte no último sábado, várias vezes ouvi alguém gritando "Ei Bin Laden!". Em certo momento, ao passar por um grupo, todos cantaram de maneira eufórica: "Ih, fudeu, Bin Laden não morreu"


Sou sikh, minhas barbas são longas e uso turbante.


Um sikh dá a sua vida se sacrificando pelos outros. Ser um sikh significa ter como pressuposto a humildade para estar sempre aprendendo e ter como valores a luta por paz, justiça social e o bem estar de todos. Um sikh vive para servir e faz isso.


O turbante e a barba são algumas das ferramentas que um sikh tem para se manter firme em seu propósito e poder ser reconhecido onde ele estiver como uma instância de paz, amor, ajuda e serviço.


Um sikh não luta por si, mas pelo direito de os outros existirem na sua liberdade, autonomia e soberania. Como um amigo, também sikh, escreveu em seu cartaz na manifestação: "a minha vitória é a vitória de todos".


Tudo muito diferente de um terrorista.


Esse tipo de atitude parece ser fruto de décadas de abandono da nossa educação, que não educa para a diversidade, que não educa para a diferença, que não ensina o respeito, que não ensina a riqueza que existe na pluralidade, e que não instrui o acesso à informação para que as pessoas saibam quem é quem e por que são dessa forma.


Uma educação que não ensina valores básicos de altruísmo e respeito.


Enquanto sociedade, ainda nos comportamos como os militares da ditadura que atiram antes de perguntar. Ao invés de procurar entender e conversar, como muitos fazem, alguns preferem o escárnio e a diversão barata.


Ao se comportar dessa forma, quem está querendo ser parte da solução se revela também parte do problema.


O que escrevo de longe é uma defesa do meu estilo de vida. Um sikh se treina para manter sua mente em paz diante das adversidades e servir nas condições mais desafiadoras. Quando sou difamado nas ruas penso sempre em todos aqueles que por algum motivo resolveram ser diferentes e não são respeitados por isso.


Que possamos seguir juntos por uma sociedade em paz, justa, que respeite as diferenças e proteja aqueles que não tem condições de se defenderem.

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