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[GSK] Mas existe música em nós

Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa em 17 de abril de 2020

[GSK abre a aula]

Nas últimas aulas temos trabalhado com dois tipos de som, o anat e o anahat. O anat é aquele som que reverbera no espaço e no tempo quando se toca alguma coisa e o anahat é uma emanação quando não se toca nada. No Sat Nam Rasayan trabalha-se muito com o anahat. Nessas aulas fizemos alguns trabalhos para limpar aqueles espaços entre as várias câmaras na nossa mente onde temos registros do subconsciente.

Se não existissem esses registros, ao entrarmos no campo poderíamos ir diretamente para shuniya, para o nada, para esse vasto espaço. Mas existem vários mecanismos que agem como barreiras para isso. Do ponto de vista de quem nos olha estando em shuniya ou mesmo do universo nos olhando de shuniya, o sentimento é de compaixão, porque estamos totalmente presos e deixamos de experimentar uma vastidão que é nossa por direito. Isso porque, olhando para o universo, para shuniya, da nossa perspectiva, precisamos de um sistema de proteção.

Enquanto acreditarmos que estamos com medo, nos sentindo ameaçados e precisando de proteção, mais teremos bloqueio para penetrar o campo e, consequentemente, mais não estaremos usando nosso som anahat. Estaremos presos em nos comunicar através de um som que criamos. Esse som, no caso, pode ser o som das nossas intrigas mentais. Podem ser as histórias que nos contamos para que possamos perpetuar o estado de segurança. E por aí vai...

Hoje faremos uma limpeza da mente já preparando-a para a meditação profunda. Queremos começar a criar uma experiência do anahat. A base da aula de hoje é algo que o Guru Arjan chama de “bij mantra sarat ko gyan”. Cada mantra, cada som, carrega com ele uma semente. Essa semente contém todo o conhecimento do “sarat ko gyan”.

Exploraremos o som anahat através de mudras. Com isso, começaremos a criar uma emanação para que possamos ir na semente de cada som, aparentemente inaudível, que produziremos. Na semente de cada som um conhecimento nos é compartilhado e emana a partir de nós. Seria demais o conhecimento nos emanar, e isso não deixa de ser verdade. É quando estamos na mente neutra. Somos emanações do conhecimento divino.

Kriya: Limpando a mente para meditação profunda, do manual Rebirthing

[Aluna] Quando você falou para entrar em contato com aquela frustração profunda, aquela raiva, imediatamente me veio uma pessoa que está num momento de frustração e raiva. Não veio a minha, talvez tenha vindo o espelho, não sei. Depois, no outro mudra, veio outra pessoa também, e assim sucessivamente.


[GSK] Isso é muito conhecido na nossa Humanologia. São as formas que a mente tem de nos levar para fora de nós mesmos e tentar relacionar o evento que deveríamos esvaziar de nós com algo que está em outra pessoa. É uma clássica fuga da mente, um mecanismo de defesa. No Kundalini Yoga é muito importante não negar e, ao mesmo tempo, não embarcar. Devemos permitir pois, se negarmos, aquilo nos toma ainda mais. Mas se embarcarmos, fugimos de nós.

Quando aquela pessoa entra, permita. Ao mesmo tempo, volte e diga para você mesmo: deixe-me explorar a minha pessoa, deixe-me explorar o meu espaço. Não somos canais para fazer a limpeza do outro. Para que isso saia de nós, somos nosso próprio canal. O que fazemos pelo outro é permitir que, nesse campo que entramos, exploramos e expandimos, ele possa se resolver como tiver que se resolver.

[Aluna] Interpretei como se algo naquela pessoa falasse sobre a minha raiva ou a minha própria frustração.

[GSK] Isso é um componente da Psicologia. Muitas vezes ela utiliza esse tipo de recurso de espelhamento. Não está incorreto. Na verdade, somos espelho para todos. Mas quando se trata de uma limpeza nossa, isso pode ser um bypass da nossa mente ou um cluster que está no nosso inconsciente. Se apareceu em você é porque está em você. Permita, mas continue.

No espaço sagrado, às vezes, as coisas se manifestarão em nós de maneira muito pouco romântica. Quando realmente entramos no espaço amplo de shuniya, onde as coisas se reorganizam, se estivermos em relação com alguma pessoa podemos ter a manifestação daquele processo – dela sentindo uma dor no cotovelo ou uma pontada no dedo do pé. Mas isso, se acontece, é no Sat Nam Rasayan. Teríamos que conhecer demais esse espaço para podermos vibrar nele. Numa aula de Kundalini Yoga o que podemos experimentar, como nesse exemplo, é uma necessidade de fuga. A mente foge. São as intrigas.

Uma amiga de Los Angeles compartilhou um poema essa semana que tem muito a ver com a experiência desta aula, cujo tema é medo. O medo é uma das emoções que mais nos aprisiona a uma zona de segurança. Não só no nosso corpo físico, mas principalmente na nossa mente, no nosso subconsciente. O poeta Jack Gilbert é um americano que nasceu em 1925 e morreu em 2012. Ele compôs o poema “Cavalos à meia noite sem a lua” em 2011. Peço que escutem e vejam como um poema desses nos ajuda a superar o medo.

“Nossos corações vagam perdidos na escuridão da floresta. Nossos sonhos lutam num castelo de dúvida. Mas existe música em nós. A esperança se aproxima muito. Mas o anjo nos toma e voa para o alto novamente. As manhãs do verão se aproximam pedacinho por pedacinho, justamente enquanto dormimos, e caminham mais tarde conosco como uma beleza esbelta por ruas de terra. Não é surpresa alguma que o perigo e o sofrimento nos rondam. O que me surpreende é o cantar. Sabemos que os cavalos estão lá na pradaria escura porque sentimos seu cheiro, podemos ouvir sua respiração. Nosso espírito persiste como aquela pessoa que luta na travessia de um vale congelado e que, subitamente, sente o perfume das flores e entende que a neve está deixando os picos das montanhas. E sabe, então, que a primavera chegou.”

Essa é a nossa oração de hoje.

May the long time sun shine...

[Transcrição: Sada Ram Kaur]

[Edição: Nav Amrita Kaur]

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